sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Falta de água será problema mundial para o século XXI.


Desperdício, descaso e contaminação podem levar à escassez da água. Reavaliar nossas próprias ações podem ajudar em muito.

Desde o surgimento da vida na Terra, a água é o elemento mais importante para a sobrevivência de todos os seres vivos. Sem ela, o planeta seria desabitado. Mesmo assim, a humanidade tem desperdiçado este recurso. Dados da ONU de 2006 revelam que até 2050 mais de 45% da população mundial não terá acesso à água potável.

Uma das teorias para o surgimento da água no planeta foi quando a Terra, até então uma bola incandescente, liberou gases de seu interior. Alguns desses gases eram compostos de amônia, hidrogênio, metano e o vapor d’água. “A água foi liberada através do vulcanismo há bilhões de anos atrás quando o planeta se resfriou”, explicou Waverli Neuberger, doutora em Ciências Biológicas e coordenadora da Agência Ambiental da Universidade

Metodista de São Paulo. A Terra é composta de 70% de água. A partir deste número, apenas 2,493% são de água doce. “Temos pouca água para o nosso consumo nos rios e lagos, sendo que a maior parte está nas geleiras e aqüíferos (água subterrânea)”, disse Waverli. Segundo ela, países árabes têm levado icebergs içados de navio para suprir a escassez de água em seus territórios, causando um grave impacto ambiental.

O mau uso da água tem causado preocupação em alguns países (em sua maioria europeus) e vários estudos tem sido realizados para tentar sanar o problema. “A revolução industrial não aconteceria sem a água. O ser humano não consegue ver que todos os itens industrializados precisam de água para serem produzidos, inclusive dinheiro”, afirmou o jornalista Roberto Haushahn, que teve a água como tema de seu trabalho de conclusão de curso.

Para fabricar cada quilo de aço são necessários 600 litros de água. Um litro de cerveja precisa de três a quatro litros. “A maior produtora de cerveja do Brasil gasta por ano 30 bilhões de água. Para se fazer uma folha de papel sulfite se gasta 380 litros”, disse Haushahn. “Se todas as pessoas do mundo consumissem como os americanos, seriam necessários cinco planetas Terra”, afirmou.

Previsões afirmam que nos próximos anos a guerra não será mais pelo petróleo e sim devido à escassez dos recursos hídricos. O Brasil é o país mais rico em água disponível para o consumo. Possuí 13,7 % de toda a água potável no mundo. “Se hoje nós temos guerra por causa de petróleo, como será quando a água se tornar escassa? Seremos, no mínimo, alvo”, disse Roberto Haushahn.

Águas subterrâneas poderiam ser uma alternativa para suprir as necessidades futuras. Mas não significa que os problemas acabarão. Um dos maiores aqüíferos do Brasil está no Sul e já abastece cidades próximas. “O Aqüífero Guarani que está no Sul do Brasil é imenso, mas há dados de que já esteja contaminado”, apontou Waverli. Além da contaminação, cidades que estão sob estas águas subterrâneas podem afundar com o uso indiscriminado. Um exemplo é a Cidade do México (MÉXICO), que enfrenta muitos problemas com a drenagem de água.



ÁGUA E SAÚDE
Da mesma forma que a Terra, o corpo humano é composto em média de 70% de água. A quantidade recomendada para o consumo diário varia de pessoa para pessoa. “A ingestão de água deve ser de 30 milímetros por quilo. Uma pessoa de 70 quilos deve ingerir 2,1 litros de água, por exemplo”, explicou o doutor João Marcos Rezende Mendes, médico cirurgião atuante da rede pública de saúde de São Paulo (SP). Além de consumida ao beber, a água está misturada aos alimentos como frutas, carnes, verduras, sopas, etc.

Atitudes simples do dia-a-dia ajudam a evitar o desperdício de água. Ao escovar os dentes ou lavar a louça evite deixar a torneira aberta o tempo todo, utilizando-a apenas quando necessário. Não se deve tomar banhos muito longos e recomenda- se fechar o chuveiro ao se ensaboar. Segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) 15 minutos de banho com o registro aberto consomem 135 litros de água. A empresa também aconselha a limpar a calçada com a vassoura e não com mangueiras, que consomem 279 litros em 15 minutos de uso. Para os motoristas, lavar seus carros uma vez por mês utilizando um balde e um pano são medidas que podem minimizar o desperdício.



Osmar Pereira

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

'Falta de água ameaça o mundo'

Uma organização não-governamental da Grã-Bretanha está advertindo que duas em cada três pessoas em todo o mundo correm o risco de ficar sem água até 2025.

A Tearfund está publicando nesta quinta-feira, Dia Mundial da Água, um relatório em que apresenta maiores detalhes sobre o problema da escassez de água nos países em desenvolvimento.

Segundo a ONG, o consumo mundial de água cresceu duas vezes mais rápido do que a população mundial no último século - e os países mais pobres devem sofrer com isso, nos próximos anos.

Ainda de acordo com o relatório da Tearfund, a maioria das pessoas sem água vão ser forçadas a deixar seus lares, provocando novas ondas de imigração.

Alimentos

Um dos piores efeitos da falta de água será o aumento do preço dos alimentos.

Em 2025, a Tearfund acredita que o volume de água necessário para produzir comida deve aumentar em 50%, devido ao crescimento populacional e à demanda por melhor qualidade de vida.

Como resultado da falta de água, a produção mundial de alimentos ameaça diminuir em 10%.

Em média, 70% da água mundial é usada na agricultura, mas na Ásia essa proporção cresce para mais de 90%.

Num mundo com cada vez menos água disponível, os países mais pobres vão ter que escolher se usam a água para irrigação, ou para uso doméstico e industrial.

"Para o 1,3 bilhão de pessoas que vive com US$ 1 por dia, o aumento do preço dos alimentos resultado da falta de água pode ser fatal", diz o relatório da Tearfund.

Gerenciamento

A ONG afirma que uma série de fatores colaboram com a crise que se avizinha, entre eles o fracasso dos países em desenvolvimento em regular, gerenciar e investir em seus recursos hídricos.

Quando esses problemas se juntam ao crescimento da população, o quadro fica ainda mais grave.

A população da China, por exemplo, deve crescer de 1,2 bilhão hoje para 1,5 bilhão em 2030, enquanto a demanda por água deve crescer 66% no mesmo período.

Na Índia, para resolver o problema da água a curto prazo, a Tearfund identifica o uso não-sustentável da água de lençois freáticos. Nova Delhi, por exemplo, deve esgotar suas reservas dentro de 15 anos.

Outro fator que aumenta a preocupação com a falta de água nos próximos anos é o aquecimento global - alguns cientistas prevêem um aumento na ocorrência de secas e o surgimento de mais desertos.